segunda-feira, 16 de junho de 2008

Parnasianismo - a Poesia do Realismo

Benedicite
Bendito o que na terra o fogo fez, e o teto
E o que uniu à charrua o boi paciente e amigo;
E o que encontrou a enxada; e o que do chão abjeto,
Fez aos beijos do sol, o oiro brotar, do trigo;

E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo;
E o que os fios urdiu e o que achou o alfabeto;
E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo;

E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano,
E o que inventou o canto e o que criou a lira,
E o que domou o raio e o que alçou o aeroplano...

Mas bendito entre os mais o que no dó profundo,
Descobriu a Esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o dom de suportar o mundo!
(Olavo Bilac)

A poesia parnasiana é uma espécie de reação contra o sentimentalismo da poesia romântica, embora ás vezes se abra para uma subjetividade moderada.
Recusa os temas vulgares e cotidianos, por isso percebe-se um pouco de alienação social no Parnasianismo (arte pela arte, esteticismo). Busca a perfeição formal: rimas, métrica impecável, vocabulário acadêmico, soneto, como no poema acima. É o tipo de poesia descritiva.

Naturalismo - Realismo Particularizado

Pode ser definido pelo cientificismo (razão - única forma de análise da sociedade); pelo determinismo (comportamento humano influenciado pela hereditariedade, pelo momento histórico e pelo meio em que vivia); pelo amoralismo (realidade dos fatos sem se preocupar em emitir juízos de valor) e; pelo patologismo (distorções do comportamento e da personalidade são seus assuntos preferidos). A natureza intacta e o homem distorcido (patologismo). O Naturalismo estuda o homem em constante mutação, como ondas instantâneas. Mas por traz dessa personalidade indeterminada há a característica natural dos seres - representada pela grande árvore.

"A árvore provém de um ancestral comum ao do homem/ A árvore é pura/ Logo o homem é puro."
Por isso, calma, você! Ainda existe a criança sem malícia por traz do adulto; o homem há de retornar à sua fonte primitiva.

Realismo

Ciranda da Bailarina - Oswaldo Montenegro
Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem
Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem
Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem
Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem
O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem
Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem

Na música acima, o autor alterna-se entre o Realismo e o Romantismo - hora mostrando quem é o homem na sua forma mais pura, hora idealizando a perfeição que, claramente não existe na letra, já que, quando mostra características próprias da raça humana generaliza que todo mundo as têm. A Bailarina é apenas um símbolo utópico, uma "piada".

Auto-retrato, Auguste Courbet

Vê-se na pintura de Courbet, o despero do homem ao descobrir REALmente que ele é. Dica: ponha-se em frente a um espelho, olhe mais densamente e reflita! Você é o que pensa que é?

O Segredo dos Eus
Sem enganação. Ser realista não é ser honesto. Fala-se o que pensa, aponta-se os defeitos... Eu tenho e todo mundo têm. Alguma sugestão? Sou humano e necessito criticar! Nasço, vivo e morro na sujeira, por isso mesmo ainda tenho que ter um foco, uma idealização. Idealizo, de manhã, quando acordo, minha Bailarina. Me comparo à ela, como é linda! É um sonho que vem da caixa de música, onde ela vive intacta. Ainda não consigo tocá-la. E só quero tocá-la, empurro e bato em imitações que a invejam. Como me cansam e me seguem! Fazem parte de mim.. e tanto! Mas ainda não a conhecem ou acham que não. Poucos a vêem. É difícil de se acostumar com a criança valsando na roda, que ao fim da noite é buscada junto a seu colo pelos que choram, inconsolavelmente. Eu sei onde encontrá-la, mas preciso derrotar algumas etapas. Quem chega à pureza não o fez, durante uma eternidade, facilmente, e não espero sê-lo diferente, afinal, há tantas violetas velhas sem um colibri...
Enfim, a vida passa num instante e este é muito pouco pra sonhar. Sou a mais pura carne atrante, buscando o não-verme pra me devorar. Ó, minha Bailarina, ajuda-me a me aperfeiçoar! Quero sonhos realizados, mas reais, sem medo! Quero tapar meus ouvidos pra esse mundo mas só ouvir à música ao longe, mesmo que triste. Não sou honesto, quero liberdade e poder mostrar que parte de mim é o que penso e a outra é o que calo! Quero mostrar que sou fraco! Quero um carinho materno! Eu quero, quero, como eu quero! Talvez esse seja meu problema como pessoa, querer é destruir. E eu sou homem e destruo! Tenho como base punhais, de lâminas curtas e traiçoeiras. Relembro-me da minha Bailarina à noite, sei e sinto que ela é um sonho e preciso ser forte ( no fundo sei que ela existe ). Comparo-me à ela, sou tão humano...

Por Fadinha Filó

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Oswaldo Montenegro.. (graaaande!)

Depois de muito tempo sem postar, tomei atitude e vim. Afinal, sem ela sou o que?!

Bom, vou começar contando de um grande show que eu fui, afinal-2 escrevo num blog e não posso deixar de exercer seu objetivo - relatar pensamentos e acontecimentos do cotidiano particulares. Posto isso, porque afinal-3, é mais confortável, digamos que seja um empurrão pra's próximas postagens que interessam à minha professora linda! (=p)
Fui pra São Paulo no dia 31 de maio, mas antes vi Zé Ramalho e senti na pele AQUELA voz. Agora era a vez do Sr. Montenegro. E vi bem de perto um anjo, de barbas e cabelos brancos... e milhões de luzes! Parece fantasioso, mas foi lindo, realmente!

Compositor, autor de musicais, nasceu em 15 de março de 1956, no Grajaú, Rio de Janeiro. Mudou-se para Minas Gerais aos 7 anos onde tal espírito seresteiro influenciou toda sua vida. À noite, pulava a janela de casa para acompanhar amigos de seu pai em serestas noturnas para namoradas. Apaixonado por essa música tão viva e presente em seu dia a dia começou a estudar violão com um desses seresteiros e compôs sua primeira canção, "Lenheiro". Destino certeiro!

Algumas fotos do show...






Eu e minha mãe (maravilhaaaadas)
Algumas das milhões de maravilhas dele... Só pra vocês terem uma noção, conhecerem (melhor) e verem o que acham de um dos maiores cantores da Música Brasileira.