quinta-feira, 24 de abril de 2008

Carlos Drummond de Andrade

Escritor mineiro da 2ª geração do modernismo, viveu entre 1902 e 1987. É dono das grandes poesias, contos, crônicas da literatura brasileira. Sua obra tematiza a vida e os acontecimentos do mundo a partir dos problemas pessoais, em versos que focalizam o indivíduo, a terra natal, a família e os amigos; os embates sociais, o questionamento da existência, e a própria poesia.
Costuma-se estabelecer a poesia de Drummond a partir da dialética “eu x mundo”, desdobrando-se em três atitudes:
Eu maior que o mundo – marcada pela poesia irônica
Eu menor que o mundo – marcada pela poesia social
Eu igual ao mundo – abrange a poesia metafísica

“ (...) Ah, por que tocar em cordilheiras e oceanos!
Sou tão pequeno (sou apenas um homem)
E verdadeiramente só conheço minha terra natal,
Dois ou três bois, o caminho da roça,
Alguns versos que li há tempos, alguns rostos que contemplei.
Nada conto do ar e da água, do mineral e da folha,
Ignoro profundamente a natureza humana
E acho que não devia falar nessas coisas. (...) ”
(AMÉRICA)

O poeta claramente expressa sua revolta social em suas obras e, não deixa de fugir disso no poema a cima. O homem, menor que o mundo, fazendo papel de “paciente” ou um simples figurante na vida das vidas do mundo, limita-se à sua humilde função tradicional: agir de acordo com o que é apenas necessário, às vezes se dá um simples acaso. Esse homem não “perde tempo” ( no seu ponto de vista ) descobrindo coisas que, não passarão além da imaginação... ou...


E agora José



"(...) Já não te revoltas
e nem te lamentas
tampouco procuras
solução benigna
de cristo ou arsênico
sem nenhum apoio
no chão ou no espaço,
roídos os livros,
cortadas as pontes,
furados os olhos,
a língua enrolada,
os dedos sem tato,
a mente sem ordem,
sem qualquer motivo
de qualquer ação,
tu vives: apenas,
sem saber porque,
como, para que,
tu vives: cadáver,
malogro, tu vives,
rotina, tu vives
tu vives, mas triste
duma tal tristeza
tão sem água ou carme
tão ausente, vago
que pegar quisera
na mão e dizer-te:
amigo, não sabes
que existe amanhã?
(...)"
(UM HORA E MAIS OUTRA)

A Rosa do Povo

A Rosa do Povo é um livro de poemas de autoria de Carlos Drummond de Andrade escrito entre 1943 e 1945. Abrange a sociedade, reflexão existencial, o passado, o cotidiano e a própria poesia.

"Até hoje perplexo
ante o que murchou
e não eram pétalas.
De como este banco
não reteve forma,
cor ou lembrança.
Nem esta árvore
balança o galho
que balançava.
Tudo foi breve
e definitivo.
Eis está gravado
não no ar, em mim,
que por minha vez
escrevo, dissipo."
(ONTEM)

É a história da pessoa. Lembranças gravadas, cada uma de uma forma pra cada ser. E passam. Relativamente caem as folhas e as vidas, é essa a impressão e o tempo.

“(...) Que as palavras brotassem em mim, formigas no tronco,
Moscas no ar; viessem para fora em caracteres ásperos,
Crescessem, casas e exércitos, e te esmagassem.
Homenzinho porco, vilão amarelo e cardíaco! (...)”


4 comentários:

Eduardo Scudeler disse...

Assim, também eu pergunto-me: CADÊ?
E não encontro respostas. CADÊ Respostas?

Muito bom o poema vivo em cores, letras e atitude.
Parabéns!

Geruza Zelnys disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Geruza Zelnys disse...

Bru, Aninha e Eric
belíssimo esse video, não?
musica perfeita, a voz empoeirada do drummond... ficou perfeito com as associações de imagens que vcs colocaram... vcs montaram ou encontraram na net???
beijos

kethaca disse...

parabens pelo video!